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[00:00:00]

Vamos, vamos lá. Aí, Carandiru, irmão. Vamos falar de Carandiru.

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Vamos, Carandiru.

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Agora, na próxima etapa, a gente fala mais de ocorrência.

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Vocês estevem lá no momento nervoso. Eu trabalhava lá, brother. Quando eu falava que eu estava no Carandiru, e aí veio aquela reportagem lá, nós consultamos a lista. Glória a Deus, que eu não estava lá dentro do Carandiru. Glória a Deus. Mas eu estava de serviço no dia 2 de outubro de 92, eu trabalhava no complexo Carandiru.

[00:00:36]

Qual era a sua função lá?

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Eu era primeiro tenente, eu concorria à escala de oficial de dia. Oficial de dia? Da guarda militar lá. Tinha uma guarda militar, regime 12 por 36. Bpge, não é? Bpgd. Bpgd. Primeiro batalhão de guardas. E no dia, estourou o pipino. E foi feio o negócio, foi bem feio mesmo. E até tinha não tinha prova no Mckenz, aquele dia. Tinha a prova no Mckenz, a gente não foi. E fui reprovado ainda, porque o professor lá do Mckenzie não deu prova substituta, não deu.

[00:01:09]

Caraca, não autorizou?

[00:01:10]

Não autorizou. Por que você voltou? Eu falei: Estava na rebelião do Carandiru. Você estava na rebelião do Carandiru, é? Não vai fazer prova, não justifica a sua ausência. Caraca, mano. Me reprovou o semestre, tive que fazer mais uma vez a matéria de processo. Que professor, filho da puta. Você vê, cara. E por quê? Por os motivos óbvios. Bem óbvios, né? Inclusive, tinha eu lá, tinha mais tenente que fazia a Máquins na época lá. É assim, cara. Não é assim. Mas, enfim...

[00:01:47]

Era mais ou menos aquela cena do filme do Bop lá, não é? É. Mais ou menos, mais ou menos.

[00:01:52]

Então, eu vi o que aconteceu. Logicamente, a gente não viu o que aconteceu lá dentro, em detalhes. Mas foi uma Eu vou dizer, o policial para entrar ali dentro, tinha que ter coragem, tinha que ter coragem, porque a população carcerária do Carandiru, eu trabalhei lá cinco anos, o complexo, a Casa de Detenção, o doutor Flamínio Fávero, ela tinha sete mil detentos. É uma população flutuante. Sete mil? Sete mil detentos, entendeu? Os pavilhões se comunicavam entre si, o que separava pavilhão de outro era uma portinha de ferro, entendeu? No pavilhão 9, salvo engano, era algo em torno de mil e trezentos, cara, por aí, mais ou menos, mil e trezentos a mil e quinhentos preços. E o 9 era pavilhão que tinha reincidente. Não sei por que o pessoal gosta de dizer que não tinha, porque tinha reincidente lá. E então, a hora que o pessoal do Choque chegou lá para entrar, nossa, os gritos dos caras assustavam. Assustava para entrar lá dentro, assustava. E o pessoal do Choque entrou em fila indiana lá dentro. Primeiro entraram três oficiais, o capitão Salgado, depois entrou três oficiais primeiro, três capitães entraram, cada com uma metralheadora, depois entrou a tropa atrás, entendeu?

[00:03:22]

Mas foi negócio assim, assustador, brother. Demorou muito para entrar. E aí, deu no que Deu no que deu.

[00:03:31]

Foram recebido daquele jeito, não era para ser diferente.

[00:03:34]

Vou falar para você. Então, aí que está, é aquela vanda de história. A gente como ex-policial, meu amigo, e o senhor como policial, a gente aprendeu que ocorrência é uma coisa complicada de comentar. Exatamente. Cada ocorrência é uma ocorrência, cada comportamento é comportamento, mas talvez ali uma outra atitude... Agora, a Polícia Militar sempre foi aquilo. A Polícia Militar é sempre aquela que chega, chegando. Chega, chegando. Chega para resolver. Chega para resolver. Então, acredito que é o que tinha, é o que se apresentava como solução na hora.

[00:04:13]

Na sua opinião, não tinha outro resultado que não fosse aquilo ali.

[00:04:19]

É, acho que não tinha mesmo. Agora, o esperado ali, eu acho que se o Estado deixa, posterga, iam morrer mais pessoas? Iriam. A responsabilidade é do Estado? É uma responsabilidade objetiva do Estado. Sempre que ocorra alguma desgraça, o Estado responde, na verdade, sempre. Talvez ali, fugiu pouco ao controle da situação? Talvez. Talvez. Há uma sentença transitada em julgado desfavorável? Me parece que há já uma sentença transitada em julgado desfavorável. Contudo, eu vou dizer, realmente é uma coisa complicada, muito complicada.

[00:05:05]

Parece que teve uma anistia.

[00:05:07]

Sabe que eu não sei?

[00:05:08]

Parece que teve uma anistia. Eu ouviu falar que teve uma anistia.

[00:05:12]

O Bolsonaro, o provociário, foi? O problema é que eu também ouvi algo nesse sentido, contudo, o problema é que é crime hediondo. É crime hediondo. Apesar de a época, em 1992, eu não me recordo se já havia sido o homicídio qualificado elevado a categoria de hediondo. Eu não me recordo.

[00:05:38]

Eu acho que não.

[00:05:39]

O que elevou o qualificado a categoria de hediondo foi a morte de Daniela Pérez. Os homicídios qualificados, eles não nasceram hediondos, foi o caso da Daniela Pérez, que foi- A repercussão do caso Daniela. Foi esse caso, agora a Pérez, por meio de uma ação popular, uma iniciativa popular que uma iniciativa popular que transformou os qualificados em Edondos. Agora, eu não me recordo se o Carandiru foi antes ou depois disso, mas eu ouvi o óbis que tinha gerado, foi algo nesse sentido. Não me recordo ao certo, mas é sempre isso. Foi fato desagradável.

[00:06:19]

Lá no Carandiru, teve algum preso que ficou famoso na mídia, que você estava ali dentro, ali...