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[00:00:01]

Os vizinhos estavam reclamando do mal cheiro. E a casa de cara... O cara pesava uns 200 kg, o cara era grande. O cara tinha sumido. Só que a casa dele...

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Para, não vou zoar você.

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Para, vai tomar suco. A casa dele... Ele estava vindo forte cheiro. E só dava para acessar a casa dele por cima. E aí o bombeiro foi acionado, a gente foi acionado. Chegamos na casa do cara, colocamos a escada e subimos. Eu, sargento que era gordinho também, cabo antigão, e o outro ficou segurando a escada, e o motorista do caminhão, do bombeiro, ficou na viatura ali copiando a rede rádio. Irmão, só que quando a gente entrou na casa, tinha uma porrada de coisa de macumba, mano. Eu fiquei com medo, eu fiquei com cu na mão, mano. Falei: Caralho, mano. E o cheiro forte, mano, de carnícia, mano. Cheiro forte. E aí a gente viu uma porta com móvel assim, encostado. Tinha móvel grande encostado na porta e ela estava entreaberta. Irmão, na hora que eu puxei esse móvel, era O cara pegou o cabro pesado, o cabro puxou, o cara passou mal, encostou e morreu. Encostou na porta, sei lá, morreu. Ele passou mal e morreu. Na hora que a gente tirou o móvel, a porta abriu, o cara caiu, mano. Bateu as costas à noite e o cara fez... O sargento, eu saí correndo, mano.

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Você é louco, mano. Saí correndo a milhão. E você tinha O cara tinha que subir o degral do muro para acessar a escada. O sargento não conseguia, eu pulei por cima, saí correndo. Ele me manda me tirar daqui, me tirar daqui.

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Puta, que você é louco, mano.

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A gente voltou para tirar o cara, nossa, foi difícil. Foi uma ocorrência inusitada, mano.

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E esse grita aí é porque o cara fica preso quando está morto.

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Quando o cara está em estado de puteflação, vai... Gases. Gases, vai saindo muito o gase. E aí quando ele caiu, a boca abriu, saiu todos esses gás pelas cordas vocais. E o cheiro? Não, o cheiro é horrível, mano.

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Eu acho que não tem animal que fed mais do que o ser humano, não. Já fui muito podrão... Podrão, não é? Falei podrão da outra vez, a gente estava falando aqui com a...Tanato.Tanato, praxisista. Praxisista quase me voou daí...

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É o Sardito Castro.

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Mas não é, é o que a gente fala...

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Mas vivendo aprendendo, agora Você já ia falar como, como é que é que você ia falar agora? Não, mas como é que é o certo? Como é que é? Que ela te ensinou se falar, fala sim, cara.

[00:02:52]

É o estado de putrefação. O cara está de putrefação. Eu já fui em várias, eu já fui em várias. Tinha que ir. E aí, porra, é a situação. Uma vez não fui em nenhum que o cara estava... O líquido desceu, o líquido desce e colou o cara no chão. Nossa. E a gente tinha que verificar se o cara tinha documento, se o cara estava com a calçadinha, isso tudo. Nós tivemos que ir lá, levantar o cara, decolar o cara do chão para olhar, e ele realmente estava com a carteira dele, aí pegou uma carteira...

[00:03:23]

Nossa, mano, aí eu já desistia de ser polícia. A gente já falava para ele pedir baixa, pedir baixa.

[00:03:29]

Tem uns momentos difíceis da cara, não tem.

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Tem, tem. Mas aí você não pode... Você tem que ir lá, você, polícia, você não pode chegar... Você não pode chegar e falar assim: Chama alguém aí para fazer isso.

[00:03:39]

Não, você tem que levar... Você está apresentando ocorrência no DP, aí você tem que levar dados. Aí eu vou chegar lá e falar: Doutor, eu estou com estado de potrefação ali... Encontro de cadáver. Encontro de cadáver? Primeira coisa que eu vou falar: Cadê os documentos dele? E aí? Está no bolsa. Não, mas aí você tem que tirar. Aí tivemos que ir lá tirar, tu coloca luva, lógico, tudo. Mas o cheiro é insuportável, insuportável, cara. Minha moscaiada dentro da casa...

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O Belgrado mandou aqui: Boa noite, tenente. Conta para nós uma ocorrência alucinante, tiroteio.