SD CORRÊA : VALENTÃO QUIS METER O LOCO NA ABORDAGEM
Danilo Snider- 256 views
- 17 May 2024
Em cada episódio, mergulhamos em conversas profundas e autênticas, mas lembre-se: as opiniões expressas pelos nossos ...
Para quebrar o trauma. Boa. Eu desci a escadaria da Sucupira para descer a área, e eu sentia descendo a escadaria as pernas bambam, mas eu sustentei, eu banquei. E se botar a cara, vai tomar tiro. Está ligado? Sem...
Demagogia, não é, meu amigo?
Sem demagogia. Eu já olhei na cara do vagabundo, antes de morrer, e falei: Você pediu. A gente vai te dar o socorro, fique tranquilo. Está na mão de Deus. E eu tive uma ocorrência com menor de idade, que eu peguei ele em local público, com câmera, e ele olhou para mim e falou: A minha é da Tira e vocês levantou a camisa: não estou com nada, não estou com droga, não estou com arma, vai forjar para mim, vai armar para mim. Eu falei: Não, a gente nunca armou para ninguém, nunca vai armar para ninguém. Só que você não é o crime, você é o crime. Então seja homem, que a gente vai se bater de novo. E foi exatamente quatro dias depois. Ao vejer ele, deu o socorro, e antes de morrer, ele disse para mim: O senhor disse que a gente ia se ver de novo, não é? Eu me lembro da ocorrência como se fosse hoje, Foi o meu primeiro auto de resistência, mas me marcou muito, que eu vi jovem de 15 ou 16 anos de idade, ele ia ser pai, a mulher grávida. Inclusive, a mulher dele me denunciou na corrigedoria, e E ele falou para mim assim, ele estava em bar e a viatura ia passando em frente ao bar, eu só vim cara fazer a cara, botar a cabeça assim para ver a viatura e tirar.
Eu estava como patrolero, que lá na Bahia tem o patrolero 1 e o patrolero 2, é quem fica no... O O motorista, o comandante, o patrolero 1 e o patrolero 2, é como é. E eu era o patrolero, eu estava do lado da janela, olhando no bar assim, eu só vim o cara botar a cabeça, olhar para a viatura e tirar. Aí falei para o meu comandante: Volta aí, irmão. Tem situação Porra, é foda. Eu não tenho o costume de beber, estou bebendo, é foda. Tem que ter cuidado de cadenciar muito o que a gente fala, porque a gente sabe que entre...
Entre linhas é foda.
Hoje, está tendo intercambio O que é o nome da rejeedoria? Bahia e São Paulo. Bahia e São Paulo. E aí eu peguei, entrei no bar, ele estava guardadinho assim no bar, eu entrei, pontei o fuzil para ele levantar aí, mano. Eu estou com nada não, velho. Estou com nada não, levantou a camisa. A minha datinha em polícia mesmo. Tinha uma câmera da SSP no posto do lado de fora, em frente a uma academia, uma academia até que é de policial lá no Nordeste. A minha datinha em polícia mesmo. Vejo o bicho com vocês, não tenho medo de vocês não. Não estou com nada aqui, vai forjar para mim? Eu falei: Não, a gente nunca forjou. Fique de boa, fique tranquilo. Olhai para a dona do bar e falei: Olha... Caralho, porque tem que cadenciar, porque tem muita covardia. Se eu encontrar alguma coisa dentro do seu bar, a senhora vai ser presa, e ela pode estar até assistindo, a senhora vai ser presa por alienação de menor. A droga que ele jogou dentro do seu bar, o estabelecimento é seu, quem Eu vou responder a você. O senhor está aqui, a droga, está aqui debaixo do caixa, ele jogou aqui saquinho de pino de cocaína.
Eu olhei para a câmera, olhei para ele e falei: Você é corajoso mesmo, não é, irmão? Agora não chama a morte, não, porque E a vida dá voltas.
E a morte vem quando chama.
Lá na frente, a gente vai se bater. E eu me bati com ele, trocou o tiro com a gente, morreu, foi para o inferno, dentro de casa. A gente foi uma ocorrência que a gente chegou, estava com apoio do Graé com drone, e quando a gente botou a viatura, esses caras correram, o monitoramento, o drone foi avisando, a gente correu para tal hora. Quando a gente foi chegando na casa, você ainda viu ele correndo para dentro de casa, ele tirou a roupa, ficou nu, suada, falou: O velho, estou tomando banho porque vocês estão entrando em minha casa, nada, você correu da polícia. Aí ele de dentro de casa disse: Não, não corri, não, não corri, não. Falei: Abre a porta que eu vou entrar. E quando eu fui entrando, ele...
Sacou.
Não, pegou não, porque ele estava sem roupa. Está tomando banho.
Pegou a arma ali do lado e encarou.
E aí... Foi. E ele falou, antes de morrer, levando ele para viatura. Me lembro a mãe dele chorando, a mãe dele falando: Vocês mataram o meu neném, vocês mataram o Eu falei: Não, quem matou primeiro foi a senhora. A senhora ensinou o que é limite, seu filho não está no crime. Quando ele começou a apontar alguma coisa, a senhora botasse para fora de casa e falou: Você não é homem? Então vai correr atrás do seu pão. Porque aqui dentro da minha casa, a regra minha foi o que minha mãe fez comigo. Quando eu comecei a criar a gogó, minha mãe olhou para mim e falou: Você não acha que é homem? Eu falei: não, eu ainda dependo da bér. Então, aqui dentro, se eu como o feijão dela, eu tenho que...
A regra tem que ser a dela. A regra tem que ser a dela.
E eu falei: Ela quem matou o seu neném foi você. E era garoto novo, 16 anos. Eu não lembro se foi o meu primeiro auto de resistência, mas foi que me marcou. A mulher dele estava grávida e eu falei para a mulher dele: Aí provavelmente, esse neném que você está carregando aí amanhã vai estar trocando tiro com nós. Que a realidade é essa?
A probabilidade é muito grande, infelizmente.
Falei: Deu, você viu o que aconteceu com o seu companheira? Tenta usar esse exemplo para que o seu filho não vai seguir o mesmo caminho do pai. Semana depois, a gente passa lá ver as pichações, luto, vai com Deus, família, é nós, que não sei o quê, para aí, ama logo. Mas tive algumas ocorrências assim que marcaram, porque a gente vê como existe uma narcoideologia de pessoas que vivem dentro de comunidade e apoiam o tráfico de drogas. Apoiam, de forma contundente, de dizer E você não vai dizer assim: Não, é Estado paralelo. Às vezes o governo não é presente aqui, mas o traficante ajuda a gente com remédio, com gás, e aí cria uma convivência.
Uma falsa, falso conforto.
Exatamente. Só que ali, na verdade, o traficante Você já está fazendo aquilo porque não quero que você seja X9, nem cagoete. Ele não tem consideração nenhuma, porque se vier só uma conversa e que você é amiga de polícia, eu tenho parente de polícia, eles vão libertar. E esse pessoal que mora na comunidade, na favela, que apoia esse tipo de atitude, não sabe que amanhã, a hora que o vagabundo quiser falar: Vou tomar seu barraco.
Tira ele, põe para fora, e já era.
E acontece muito. Inclusive, acontece outras coisas também. Se ele vê você com alguma coisa lá que interessa a ele, ele rouba. E se não roubar, manda os outros roubar.
Não, lá dentro do Nordeste, não rouba não. Isso aí eu posso dizer que seis anos de polícia eu não atendi uma ocorrência de roubo. Lá dentro do Nordeste, se robar, o tráfico mata. Roubo lá não tem. Não tem. Eu não atendi uma ocorrência de roubo. Eu, seis anos dentro do Nordeste, não atendi uma ocorrência de roubo. Aqui os caras- Mas aqui na área do BDM, tem, que é o braço direito do PCC de vocês aqui, mas no Comando Vermeer, eles têm essa parada aí. Dentro lá, não roba, não. Se robar lá dentro, os caras matam.
E aqui, ele às vezes, não roba, mas passa para os outros robarem. O O que a população e as pessoas de bem têm que entender é que é o seguinte: ele talvez te favoreça, mas é com segundas intenções. A gente ouve relatos, inclusive, de pessoas quando a gente está no trabalho, de pessoas que moram perto de de ponto de tráfico de entorpecente, o cara fala assim: Chega aqui, meu muro aqui é baixo, eu quero aumentar o muro por causa do tráfico, e eu comprei material e eu tenho até amigo meu que estudou comigo na escola, ele fala que o muro da casa dele era baixo e tinha o tráfico ao lado. Aí ele falou: Eu tenho meus filhos aqui, fui comprar o material para poder aumentar o muro. E o traficante botou lá na casa dele e falou: Se você aumenta, não vai aumentar. Não, mas eu quero não vai aumentar, porque os caras usavam a casa dele como rota de fuga lá para poder fugir de nós, da Polícia.
O cara tem que se sujeitar à Isso aí.
E aí eu te falo: Eu te pergunto se esse cara se opor, vai ter justiça?
Ótimo que não.
Os caras vão chegar e vão julgar ele do jeito correto ou o cara vai simplesmente lá, mata ele, tortura ele, estupra a família dele, faz o diabo, e o que acontece? Qual que é a pena para isso? Nada. Agora, se o policial der tapa na cara de alguém... O mundo vai. O vizinho lá, filma, vem, faz escândalo, fala, faz o que quer. E por que essas mesmas pessoas não se juntam contra o tráfico? Porque lá eles não têm pena. A pena deles lá, ele vai lá e mata, ele vai lá e tortura, vai lá e corta a deda e está tudo tranquilo, não acontece nada. Eu gostaria de falar pouquinho, deixa eu passar o comercial lá.
Maral, passa o comercial aí.